sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Infância nas pedreiras

Douglas Anner Louderback é uma figura emblemática do contraste entre Morro da Pedra e Colina do Sol. Pulou grande parte da infância, começando trabalhar nas pedreiras aos nove anos. Baixinho, miudinho, e aparentmente tímido, ele é bem a vontade em áreas de nudismo, e pelo todas os relatos que colhi, uma dádiva para as mulheres de qualquer idade.

Vamos aprender mais sobre ele e a infância no Morro da Pedra. No futuro próxima, falaremos de amor adolescente no campo de nudismo.

Pivo das falsas acusações

Douglas é o pivô do caso Colina do Sol.

O acusador original, Zumbi, levou acusações de pedofilia para a polícia um dia depois do que a Sra. Zumbi se mudou de mala e cuia para Santa Catarina com Douglas, com quem ela manteve relação amorosa o desde os quinze anos dele.

E ela era bem longe de ser a primeira, ou a única.

A corja da Colina reclamou do rapidez com que Fritz e Barbara adotou Douglas. Tendo um filho brasileiro evitava que eles fossem deportados. Tinham um herdeiro para sua casa, que assim não poderia ser facilmente despropriada pelo Conselho da Colina. E um herdeiro que poderia cobrar as quantias que vários membros destes conselho deviam para Fritz.

A chegado de Douglas na comunidade naturista criou um dor de cabeça tanto para Zumbi quanto para o Conselho da Colina do Sol.

Filho de Morro da Pedra

Cicatrizes do Douglas

Visitei Douglas em Biguaçu, SC, no domingo de 21 de dezembro de 2008. Estava muito quente e ele estava somente de calçaõ, e perguntei sobre seus cicatrizes. Logo peguei meu caderno e pediu para ele repetir, pois pareciam uma boa resumo de infância em Morro da Pedra.

Joelho, 5 pontos :
"Quando eu era bem moleque, eu subi no pé de arvore, usando cerca de arame farpado como escada. O galho quebrou, e cai na cerca. Arrancou um naco de carne."
Cicatriz fina, branca, cruzando mamilo direto:
"Foi um prego, quando cai de um árvore. Eu fazia escadinha para subir, pregando madeiras no tronco, e um pau quebrou."
Cicatriz pequena, perto no umbigo:
"Eu estava brincando com fogo, ascendo uma peça de plástico, e uma gota de plástico me pegou bem ai."
Mão esquerda:
"Foi um corte de facão, descascando cano de açúcar para chupar."
Mão esquerda, dedo de meio torto:
"Cortei trabalhando, quando tinha uns dez anos. Estava jogado pedra no caminhão, a pedra lascou, e me cortou. Levaria cirurgia para desentortar."
Canela esquerda, uns 10 cm abaixo do joelho:
"Levei uma chifrada de boi no Circo Vargas. Estava com muito medo, lá."
Joelho esquerdo:
"Queimei no moto semana passada."
Canela direta:
"Aqui foi o moto também faz uns dois anos."
Ponto roxo na unha do dedão esquerda:
"Foi uma martelada no serviço."
Costas, lado inferior de baixo, uns 10 cm de comprimento, 1 cm largura:
"Eu subi num árvore para roubar goiaba, e o galho quebrou. Cai na cerca de arame farpado."
Não visível:
"Quebrei o cóccix, quando cai de cima de um árvore bem alto, de costas."
Na nádega esquerda:
"Tenho marcas de uma mordida de cachorro, quando tinha uns sete anos. Eu era bem pião. For o cachorro da merendeira. O corrente quebrou, e o filho da mulher não conseguiu segurar o cachorro pelo corrente. Tomei injeção contra raiva."

Douglas nasceu de mãe solteira, que não tinha condições de criar-lo, e ele foi dado para tios.

O tio de Douglas trabalhava nas pedreiras de Morro da Pedra, um serviço que paga melhor do que as fábricas da região. Porém a poeira constante prejudica as pulmões, e é bastante comum que homens da região chegam ao meia-idade com dores constantes no peito. O único remédio alcançável para remediar o dor é pinga. Quem tem efeitos colaterais.

Na pedreira as nove anos

Douglas começou trabalhar nas pedreiras as nove anos, quando estava na 3ª serie, pois “tinha que ajudar em casa”. Seu irmão também começou cedo. Ele disse que, “Agora não tem mais de 9 anos trabalhando mas tem 10, 11, 12 - sempre tem. 13 anos é mais comum.” “Ninguém pede documentos – só perguntam se saber fazer.”

As crianças, ele disse, foram bem tratado pelos trabalhadores mais velhos. Tinha tiração de sarro, mas é toda familia. Um tio dele trabalhava na mesma pedreira, e tinha um primo de 13anos e outro de 10, também.

Sobre o Conselheiro Tutelar, disse que nunca viu lá, que “Nunca vieram incomodar”. E a escola também, “não incomoda, sabe que tem que ajudar em casa.”

Um adulto consegue tirar mais na pedreira do que o salário mínimo que uma fábrica paga. As crianças ganham menos. Na época que Douglas diz que quando ele começou era “cinco pilha por semana”, mas hoje em dia é R$15 uma tarde ou manha por uma criança. Ele tirava caco, carregava caminhão, e carregavam pedras menores. O turno dele era das 13:00 até as 18:00.

Até pedras menores são pesadas para uma criança em desenvolvimento, e dá problemas na coluna. Douglas foi avisado de que se ele voltasse a trabalhar assim, pode ficar paralítico. Mas diz que sua estatura nada tem a ver com o trabalho precoce, que era “sempre mais miudinho”.

Estudo interrompido

Douglas sempre começou o ano estudando meio período, e trabalhando meio período. Ele diz que as vezes não queria ir mais, proque era muito puxado trabalhar na pedreira e estudar no colégio. Então tinha que parar colégio, ele disse. Sempre ia mais ou menos metade do ano escolar, e parava. Ele estava atrasado na escola, mas conforme o irmão dele, ““Estava progredindo lá, apareceu resultados. Numa época, ia para colégio de manhã, e Fritz levava para Taquara para reforço. Estava progredindo. Mas passa por coisas normal de adolescente. Sempre sai atrás de mulheres. É namoradeiro”.

Depois do que ele foi adotado, e disse que “passei ano – eu gostei.” As matérias prediletias dele são educação física, artístico, e história. Ele estava fazendo supletivo de 6ª, 7ª, 8ª serie, juntos, antes das prisões. “Fritz e Bárbara ficarem pegando no pé” para estudar, ele diz. Tão cedo que consegue sua carteira de motorista, votará de novo ao supletivo.

Problemas de disciplina

Seja por falta de estrutura em casa, seja por temperamento, seja por adolescência, Douglas ganhou fama de difícil. Para da um exemplo, um centro da vida comunitário é o Barracão de Morro da Pedra, que serve tanto para grandes festas da igreja, quanto para futebol e outros jogos. Foi reformado graças a dinheiro que Fritz conseguiu dos Estados Unidos.

Porém, em 2007 Douglas pegou um suspensão de três anos do Barracão, por causa de uma briga. Ouvi que ele cuspiu num outro jogador; Douglas contou que o time dele estava brigando, e os outros começaram a briga.

De qualquer forma, vale notar que no Morro da Pedra a influência de dinheiro não é tão forte que não se expulsa o filho do homem que trouxe a grana.

Um efeito das prisões e problemas é que Douglas amadureceu muito. Agora ele e o irmão que dão as aulas de futebol, sábado a tarde, para as crianças de Morro da Pedra.

Cristiano, Fritz, Barbara, Douglas

Conhecendo Fritz e Barbara

Foi via Cristiano Fedrigo que Douglas conheceu Fritz. Um dia Cristiano encontrou Douglas dormindo na área da casa do padrinho. Cristiano ficou com pena e pediu para Fritz ajudar Douglas.

Douglas ficou um tempo morando no caso de Fritz e Barbara, e resolveram adotar-lo. Fritz tem outros filhos nos Estados Unidos, uns de sangue, outros adotados. Foram os três para os Estados Unidos em agosto de 2007, para que Douglas poderia conhecer seus 28 parentes novos.

Ele comunica com Fritz e Bárbara numa combinação de inglês e português. Ele diz não sentir dificuldade para comunicar, e enquanto fala pouco inglês, parece que entende quase tudo que passa.

Na Colina do Sol

Na casa de Fritz e Barbara, Douglas ganhou um dos dois quartos de hóspedes. Parece um quarto de adolescente típica, dominado por uma grande bandeira quase do Brasil, com o círculo azul trocado por um logotipo de Grêmio. Há uma Bíblia ao lado da cama.

Roberto Fedrigo e Douglas no resort naturista Mirante do Paraíso

Nudismo com naturalidade

Nedy, que cuidava da casa, conta que Douglas costuma fica nu o tempo toda, pelo menos no verão. Quando ele foi para Santa Catarina com a então Sra. Zumbi, acampou na Praia do Pinho e começou trabalhar aos 16 anos no quiosque de Kibon da praia, completamente pelado. Depois de uma semana começou usar short e camisa com logotipo da praia, ao sugestão do dono, que conheceu que não todos que freqüentam praia de nudismo conseguem levar a naturismo com tanto naturalidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário