quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Olhar do mestre, tese de doutor

No caso Colina do Sol, os acusados dizem que as acusações são fruto de desavenças antiga dentro da Colina. Os acusadores disserem... bem, diziam uma coisa para a polícia, mas para a Justiça diziam que ninguém viu nada mesmo, mas que estavam preocupadas com as crianças e a Colina.

Quem está falando a verdade? Para saber, precisaríamos ver a situação antes das denúncias, com olhos isentos. Felizmente, alguém fez exatamente isso.

"Vivendo 'nu' paraíso"

A tese de doutorado escrito sobre Colina do Sol por Luiz Fernando Rojo Mattos, "Vivendo 'nu' paraíso", explora muitos aspetos da Colina do Sol nos seus 239 páginas. Como é de esperar de uma tese na área de ciência sociais, concentra na interação entre os membros da comunidade e grande parte é o aspeto de nudez.

Em 2005, os conflitos entre os vários grupos dentro da Colina foram notados e descritos em detalhe pelo Dr. Luiz Fernando. Folheado a tese, o que se destacou foi o conflito entre os moradores permanentes e os visitantes de final de semana - os que vendem serviços e os que os pagam - e também o autocracia sufocante de Celso Rossi e Paula Andreazza.

Perspectivo social e empresarial

Minha primeira reação ao tese foi de estranhar a falta de números, especialmente cifras, e a perspectivo que eles fornecem. Para mim, o motivo da sistema de venda de "concessões" monopolistas foi óbvio. Era uma maneira imediata de colocar lucro na bolsa de quem vendeu a concessão, Celso Rossi, e se o comprador alcançar lucro ou não, problema dele. Este aspeto não escapa de Luiz Fernando, que cita uma moradora descrevendo outra coisa mirabolante, a cooperativa, como "mais uma jogada do Celso para socializar os riscos, enquanto o lucro deles era garantido."

Fizemos muitos coisas assim no Wall Street, e sei como reconhecer um.

Porém enquanto Luiz Fernando evite números, ele entre no conflito de idéias e emoções, aspetos que não presenciei, primeiro porque a podridão já tomou conto da comunidade antes da minha chegada; porque pouco entrei lá, entrevistando somente moradores antigos; e terceiro, e talvez mais imporante, porque meu olhar é deficiente nos detalhes que Luiz Fernando mais valoriza.

O perspectivo dele não é deficiente, é simplesmente outra. Ele explora os objectivos diferentes que trazem pessoas para Colina do Sol (nudez sendo somente um deles), e os conflitos entre estes idéias, expectativas, aspirações e valores. E o conflito destes coisas immaterias e a dura realidade.

Capítulo 5 é sobre a Colina como comunidade, com subcapítulos sobre "organização econômica", "a questão do poder" e, mais intrigante, "A 'segurança comunitária' como alternativa à 'sociedade do risco'".

Neste capítulo, o fato do conflito é muito bem detalhado, e ele identifica fatores que escapou minhas observações.

Capítulo 7 fala da "Amizade da Infância", e com várias pessoas procuravam Colina para conseguir não nudez ou lazer, mas as relacionamentos humanos de uma pequena comunidade.

Pesquisa profunda

Pretendia hoje simplesmente destacar uns trechos da tese que compraovam que sim, houve desavenças. Porém, a tese merece um leitura integral - para qual ainda não tive tempo - e bastante reflexão.

Integral e profunda, pois o olhar de Luiz Fernando Rojo Mattos captou uma dinámica que me escapou. Ele observou como a comunidade andou, e talvez nas suas observações há pistas sobre como desandou de uma maneira tão desastrosa: assasinato, incéndio criminoso, acusações falsas contra vizinhos, e a perda da própria terra.

Onde eu enxergo somente a irrationalidade financeira e o ódio sem razão e sem limites, talvez ele viu os razões e motivos que levaram este gente agir numa maneira tão destrutiva de outros e de eles mesmos.

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