quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O senso de comunidade

Ontem da manha houve a cerimônia da juramento à bandeira e a dispensa do serviço militar em Taquara, com direto a duas bandas, uma leva de autoridades locais, e quatrocentos jovens, inclusive dois - Cleiton Daniel Rosa da Silva e Douglas Anner Louderback - sobre quem já escrevemos aqui.

(Fotos da ocasião estão na matéria de Paranhana Online).

Já ouvi deste juramento - lá nos Estados Unidos não temos nada semelhante - mas nunca assisti, e imaginei o tipo de procedimento frio e burocrática que fazemos sempre lá. Fui surpreendido.

Provocou pensamento sobre a diferença entre uma formalidade e uma cerimônia, e especialmente, sobre o que é um comunidade. Na presença de todos os jovens - de todas as camadas sociais - de 18 anos do município, das autoridades cívicas, das bandas e das famílias, ouvindo o Hino Nacional e o juramento ao Pátria e a defesa da Constituição, se sentiu a presença da comunidade maior. E seu valor.

Ontem a noite estava lendo a tese de Luiz Fernando Rojo Mattos, sobre a comunidade e amizade na Colina do Sol. Na cerimônia em Taquara, um expressão de inclusão e obrigação, ficou claro o que falta na "comunidade" da Colina.

Inclusividade

Os jovens eram homogêneos somente na idade e sexo, e que estavam de roupa limpa. O cor de pele era mais diversa do que geralmente encontro no centro de Taquara. Uma ou duas dúzias estavam "pilchados", com bota, bombachas e lençol no pescoço. Tinha algo que já notei antes em Taquara: um número significativa de pessoas de estatura notavelmente baixa.

A inclusão estendia aos autoridades. Prefeito e presidente da câmara, padre e diretor da escola adventista, houve gente de todos os aspetos da vida da cidade, ainda que ninguém do Poder Judiciário compareceu.

Obrigação e dever

A cerimônia é uma afirmação do obrigação do cidadão para com a comunidade. Juram todos que vão obedecer a convocação de emergência, e defender a Pátria se for preciso. Em Taquara, não há alistamento obrigatório, e por isso nem fizeram exame física nos jovens. Mas a possibilidade, ainda que remota, existe. É é um obrigação de todos, ou pelo menos de todos os homens.

Ser parte de um comunidade é, antes de mais nada, de participar nos deveres, de cumprir as obrigações. Há símbolos como a bandeira, há menção à Constituição que é a lei maior. Mas houve também o senso de comunidade, e a celebração disso.

Tinha algo na cerimonia que veio de desde que os primeiros tribos humanos se juntaram em volta da fogueira. Somos animais sócias, vivemos em grupos e dependemos dos outros. E isso deu para sentir.

Solenidade, com músicas nada solenes

Houve duas bandas no ginásio, a Banda e Orquestra do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul. Tocaram, no momento esperado, o Hino Nacional. Porém, antes do que o cerimônia começou, a banda tocou algo que nunca ouviu nem imaginou ouvir: "Popeye the Sailor Man" adaptado para banda marcial. E entre um discursou e outro, a orquestra tocou "Aquarela do Brasil".

Velhos conhecidos

A ocasião serviu para ver várias das pessoas que já conheço na cidade, como Dr. Fábio, presidente da Câmara de Vereadores, que já encontrei numa reunião sobre calçadas (muitos feitos com pedra grés, um dos interesses dos meus leitores) e que visitei no seu gabinete, e Tenente Almir da Brigada Militar, que me prendeu em frente ao Fórum, no abril de 2008.

Discursos e apresentações

Autoridades discursaram, que faz partes destes ocasiões, desde sempre. O militar informou aos aqueles que queriam seguir uma carreira militar, como fazer, e avisou que eles estudassem. E para aquele que não queriam, que também estudassem.

Doze jovens representativos foram escolhidos para subir ao palco receber seu certidão de dispensa de serviço militar, uns das quais foi Cleiton.

E lá na Colina

A implosão a Colina do Sol, o espiral para dento, me parece vir em parte de um sentido deficiente e distorcido de comunidade.

Na Colina, a pergunta não é como incluir, mas quem pode ser excluído, e que lucro isso vai dar. Não é como dividir as deveres, mas como fazer para que os outros ficassem com os deveres do pequeno grupo que tomou controle, o exemplo mais claro sendo a conta de luz. Tuca não paga, e ouvi que as outras "concessões" também não pagam. Há um pequeno grupo lá que acham que a comunidade lhes devem seu sustento. Do que eu vi, eles não conhecem limite nem no tamanho das suas exigências, nem nos meios com que eles arrancam o que querem dos outros.

Ainda não terminei de ler a tese de Dr. Luiz Fernando, mas tenho esperança de que poderia explicar como adoeceu o senso de comunidade da Colina, e como isso o levou ao seu leito de morte.

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