segunda-feira, 3 de maio de 2010

O legalista Sami El Jundi

O medico-legalista Dr. Sami El Jundi foi chamado nos momentos mais dramáticos do caso Colina do Sol: o morte de Wayne; para examinar os filhos de Isaías na delegacia, antes da coação; e para examinar O Moleque que Mente®. Porém, saiu do cargo de IML de Taquara, inconformado com pressões que recebia. Até agora, eu não tinha oportunidade de entrevistar-lo.

Autopsia de Wayne

Conforme o delegado titular de Taquara, Dr. Luis Carlos Aguiar, Dr. Sami el Jundi fez uma autópsia completa de Wayne, que foi filmado. Também, foi chamado imediatamente e examinou o corpo antes do que fosse remexido pela polícia. A determinação, ouvi, foi que Wayne, amarrado e com fita crepe sobre a boca, sofreu um ataque cardíaco, e foi disso que morreu. O único lesão no corpo, conforme Dr. Luis Carlos, foi no coração.

Ainda não obtive uma cópia do certidão de morte de Wayne, mas Fritz Louderback disse que viu e que atesta morte devido a causas naturais. O banco de dados do Departamento do Estado americano que guarda mortes de americanos por violência em outros países, não tem nenhum morte no Brasil em novembre de 2007.

Sobre sua saída da IML de Taquara, em 22/04/2008 - menos de seis meses depois as prisões no caso Colina do Sol - o jornal Panorama disse:

Em sua carta de demissão, encaminhada ao diretor do DPI, o perito justificou que, no último mês, por duas ocasiões, foi intimado a realizar necropsias cujas determinações não possuíam amparo legal, ambas provindas de autoridades policiais da região serrana.

Entrevista com L.A.M.

Isaías Moreira e seu filho Ezequiel informam que Dr. Sami examinou Ezequiel, Oziel, e L.A.M na Delegacia de Taquara por volta de 17:00 no 18/12/2007, e foi somente depois da sua saída da delegacia que a coação por parte dos policias de Porto Alegre começou. A sala da legalista fica bem ao frente da sala onde os interrogações acontecerem, a mesma sala em que fui interrogado quando fui preso durante a manifestação em frente ao Fórum de Taquara.

A perícia do L.A.M., "Auto de Exame de Corpo de Delito no. 847/2007", atesta que:

HISTÓRICO: Periciado de doze anos de idade comparece para avaliação pericial médica por estar associado a acusados de pedofilia. Relata frequëntar a casa de um dos acusados ("o Fritz"), onde presta serviços, brinca, joga e dorme, muitas vezes acompanhado de seus irmãos. Diz que já tirou muitas fotos nu na casa de Fritz; que nunca tocaram ou manipularam seu corpo; que "o Fritz" lhe dá muitos presentes; bem como o seu pai, incluindo dinheiro, roupas e "rancho". O perito é informado que esta é a primeira avaliação do periciado em relação aos fatos em questão. Entrevista gravada e caso fotografado (material em arquivo).

Há três páginas de transcrição de entrevista em que L.A.M. nega qualquer abuso, e conta em detalhes a maneira em que os menores foram tratados na Colina do Sol e na casa de Fritz e Barbara, sempre negando abuso. E, a entrevista está gravada.

Esta entrevista poderia servir, eventualmente, na defesa do Isaías no processo contra ele, por ter supostamente caluniado os policias, ao dizer que ele e seus filhos foi coagidos para fazer acusações. A palavra do sr. Isaías contra a polícia é uma coisa; a gravação do médico-legalista, feito quase simultaneamente com a depoimento em que L.A.M. "confessou" abuso, é outra.

Em muitos destas casos de falsa acusação de pedofilia, a polícia fica impune. Mas tortura não prescreve.

Haverá um postagem somente sobre L.A.M, e naquele ocasião postaremos este exame de corpo de delito (fls. 414-418 do processo 070/2.07.0002473-8 do Caso Colina do Sol, e nas fls. 375-379 do processo 019/1.09.0007874-0) e outros documentos relacionados. Por enquanto, somente notamos que a palavra e o trabalho de Dr. Sami El Jundi poderiam comprovar a verdade do que aconteceu no noite de terror.

Noto também que conforme o livro de Dorothy Rabinowitz, uma das lições da onda de casos falsos de abuso satânico nos EUA é que é preciso gravar depoimentos de crianças desde o primeiro, para evitar que sejam manipulados por quem os questiona. Neste caso, foi feito. No projeto Depoimento sem Dano, é a última interrogatório, em frente ao juiz, que é gravado, já tarde demais para evitar a contaminação do depoimento.

Entrevista com O Moleque que Mente®

O legalista também fez exame de corpo de delito n'O Moleque que Mente® e o entrevistou, na mesma data de 18/12/2007. O que mais surpreende é que não é a primeira vez que Dr. Sami o examine assim. Já tinha feito outro exame em agosto de 2006. Entre as coisas que o legalista informa são de que:

"a exame física na época resultou inalterado"

"Os achados negatívos ao exame físico são compatíveis com seu relato, uma vez que os atos imputados não costumam deizar vestígios físicos, ao permitindo, por sei só, confira-lo ou negá-lo."

"Vincula com muito facilidade, estando sempre pronto para agradar seu interlocutor, o que deve ser levado em consideração tanto quanto se avalia seu relato, como quando se considere sua particular vulnerabilidade ..."

Temos, então que o jovem não aparenta sinais de abuso, como nem na vez anterior. isso junto com a última frase sugere dois alternativos. Um é o caso do menino que sempre gritava "lobo". O outro é que para ser seguidamente abusado, o Moleque é de alguma forma irrestível: seu rabo, além de virgem, é de ouro.

Noto que escolhendo um codinome fiquei com "O Moleque que Mente®" porque há um boato, que ainda não consegui confirmar (estes papeis não estão entre os fora de sigilo em Novo Hamburgo), de que quando visitei o orfanato, o Moleque disse que me viu e que tinha me visto antes das prisões na casa de Dr. André. Sendo que eu não tinha pisado em terras gaúchas desde uns anos antes que o Moleque nasceu, sei que ele mentiu.

Vamos voltar, mais de uma vez, ao assunto d'O Moleque que Mente®. Temos pelo menos uma entrevista gravado por alguém qualificado, que cogita a possibilidade de que alguém estava o manipulando.

Médico/Mídia

Dr. Sami el Jundi falou em Rio de Janeiro dia 15 de abril de 2010 sobre "Como o médico enfrenta o dia a dia diante de questões polêmicas". Há uma breve matéria entrevista televisiva aqui:

Também há o seguinte texto aqui:

"Qual a maneira mais correta de dar uma notícia?" A pergunta foi feita pelo médico Sami El Jundi, presidente da Federação Médica Sul Brasileira, que fez a segunda palestra da manhã desta quinta-feira (15/04) no V Seminário Nacional Médico/Mídia, que está sendo realizado no Rio de Janeiro.

Segundo ele, falta um maior especialização aos jornalistas que cobrem a saúde, e falta aos médicos maior conhecimento de como lidar com a mídia. Ele é favorável de que as entidades médicas investem mais na comunicação.

"É importante que os médicos dêem sua versão dos fatos. Nós temos a responsabilidade política dar ao médico o preparo para a entrevista, qualificando os médicos para dar sua versão dos fatos".

A biografia de Sami Abder Rahim Jbara El Jundi no site de SIMERS - Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, no qual ele é diretor e delegado para Taquara, o descreve assim:

Sami el Jundi
Especialista em Clínica Médica, com pós-graduação em Tratamento da Dor e Medicina Paliativa, mestre em Medicina Forense pela Universitat de Valencia, onde é professor convidado. Presidente do Comitê Científico da Academia de Valoración Del Daño Corporal Del Mercosur (2009-2011), perito médico do TRT da 4ª Região e assistente técnico privado nas áreas cível e criminal. Atua como professor nos seguintes cursos: Medicina Forense, Gestão e Direitos Humanos do Curso de Especialização em Toxicologia Forense da FEEVALE, Medicina Legal e Toxicologia Forense na Especialização em Psiquiatria Forense do CEJBF no e Departamento de Psiquiatria da UFCSPA, no Curso de Especialização em Direito Médico da Verbo Jurídico, na Capital, do qual é coordenador.

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