segunda-feira, 28 de junho de 2010

O mapa da Colina: clarificando as inconsistências

"As matrículas não casam entre si", um topógrafo de Taquara me falou quando fui ver o mapa da Colina do Sol. Para quem acompanhou todos as postagens aqui sobre o assunto (e creio que poucos tiverem estes paciência, até entre os que tem dinheiro enfiado na Colina do Sol) vimos que não foi fácil, mas que as matrículas, realmente, casam. Não com a exatidão da cidade, mas dentro do esperado.

Trabalhei no Wall Street, num dos maiores corretores. O sistema de MIS ("Management Information Systems") que escrevi para Shearson American Express foi adotado pelo Lehman Brothers quando nós adquirimos aquela firma, e Lehman levou uma copia do meu sistema quando as firmas se separaram de novo. Os números sempre deram pé, como não poderia deixar de ser.

Lidar com escrituras de terras em que as áreas não encaixam exatamente, é algo que foge da minha maneira de ver o mundo. Vendo os registros das terras do Morro da Pedra, no mesmo tempo vagos sobre o comprimento e proa das bordas, e precisos em centésimos de metro quadrado sobre o tamanho ("54,047,60 m²"!) fiquei perplexo. Aqueles áreas poderia ser medido com tanta precisão? Afinal, os egípcios não já conseguiram fazer isso faz 3.000 anos?

Áreas matemáticas

Com tempo, descobri o porque daqueles áreas medidas até nos centésimos de metro. Uma gleba grande, com tamanho aproximado ao hectare, dividido entre sete ou nove filhos, dá decimais na hora de registrar o espólio no cartório. Que não implica que, lá no morro, os herdeiros fizessem uma medição milimétrica. Além do mais, Google Earth mostra que o terreno do morro onde fica a Colina é em lugares bastante íngreme, e o terreno sem possibilidade de cultivo, era efetivamente sem valor.

Vizinhos antigos

Uma das áreas que me pareceu um estranho no ninho foi de está ultima que colocamos no mapa, Matrícula 23.723 de Evaldo Antônio da Silva. Os confrontantes são nomes não aparecem em outro lugar: Constantina Paz, o Arroio Boa Vista, Antonio Flores e Olímpio Silveira. É daqui mesmo?

Hoje de manha, falei com o Registo de Terras de Taquara. Matrícula 23.723 faz referência ao "Regº. Antº. 32.295 Lº 3-AF". A oficial-assistente tirou livro 3-AF do armário (confesso que gosto de ver os livros, que são bonitos), e verificou o registro anterior, que é de 17 de abril de 1960. Os confrontantes são os mesmos. Que quer dizer, que quando fizeram a transferência em 1986, simplesmente repetiram os vizinhos de um quarto de século atrás, que agora são de meio século atrás.

Ainda assim, encontramos os nomes. No Bar do Japa, falei com o neto de Olímpio Silveiro. O Arroio Boa Vista é visível no Google Earth, e fica mesmo ao sul deste lote. E ao norte, há a rua Jorge Paz, sinal que a familia Paz já tinha sim terras por lá.

Para não dizer que não falei dos Flores, bem, faz meio século. Não perguntei deles. Creio que, realmente, temos o suficiente já, e que se procurasse, encontraria.

O papel ainda que defasado, atesta que aquela terreno fica lá no morro, e Evaldo Antônio da Silva, cujo nome consta, me falou exatamente onde. Há sim uma divergência de tamanho, mas isso não é raro, me falaram no Registro, ainda que não queriam dizer quanto seria uma variação normal. Parece pela mapa e pelas palavras de Evaldo de que ele tinha o lado esquerda da rua, do Zeca até Lili, que o terreno de fato era dois terços maior do que o tamanho que consta no papel.

No Lehman Brothers, uma variação destes seriam um desastre. As colunas precisavam dar pé, ainda que os números adicionados fossem os valores atribuídos aos mortgage-backed securities, e todos eles fantasias absolutamente absurdas. Não posso esperar que Morro da Pedra seguisse as regras de Wall Street (e dado o fim que Lehman Brother levou, ainda bem!). O registro de Matrícula 23.723 casa com os vizinhos, dentro da realidade local.

Registro 2025

Fiz a mesma pergunta sobre Registro 2025, procurando o registro anterior, 31.307 do mesmo livro. Os registro de 1977 repetiu os mesmos confrontantes de 4 de junho de 1959. Falando com o seu Antônio, que está lá no Morro da Pedra e está vivo, vamos saber um pouco mais, e finalmente fecharíamos o mapa.

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