quarta-feira, 13 de julho de 2011

Os outros CDs: Culpa no cartório?

Ontem, seguimos a trilha de papel dos 43 CDs que a polícia apreendeu na casa de Dr. André Hercy e Cleci em 11/12/07, e descobrimos seu paradeiro: a sala de distribuição no andar térreo do Fórum de Taquara. Destes 43 CDs, 27 tinha sido enviado para o IGP/IC para perícia. O Laudo Percial Nº 24714/08 informando que "Nos CDs e DVD não foram encontrados arquivos com conteúdo relevante ao objectivo da perícia." foi assinado em 04/12/2008, quase um ano depois da apreensão, mas somente chegou no processo - e ao conhecimento da juíza e da defesa - em março ou abril de 2009.

Ainda que todos os CDs apreendidos estão na Distribuição, vimos ontem que há mais CDs no Cartório da 2ª Vara. Ficamos com a pergunta: que diabos são estes CDs? Vamos, de novo, à trilha dos papeis.

Mas antes, vamos reconstruir a situação enfrentada pelo equipe do DEIC-DHPD, uma semana depois das prisões.


Foto: ACS-PC    "... não foram encontrados .... conteúdo relevante"

Cronograma

Para reconstruir a clima na delegacia de homicídios, lembramos que Delegado Juliano Brasil Ferreira e seu equipe partiram com uma caravana da imprensa antes do sol raiar em 11 de dezembro de 2007. Chegaram na Colina do Sol de em volta de 07:00 e, numa operação cinematográfica, que foi cinemagrafada mesmo, prenderem para os lentes da imprensa nacional Fritz Louderback, Barbara Anner, e Dr. André Herdy e sua esposa Cleci.

Apreenderam, além dos acusados, um monte de "evidências", em grande parte tralhas e trastes - cartões postais do Rei Leão, delegado? - mas como vimos ontem, 47 CDs, e meia-dúzia de computadores. Levaram tudo e todos ao Porto Alegre.

Pericia inicial e foçagem nos computadores não deu em nada

Os laudos de vários dos computadores apreendidos, mostram o horário em que foram desligados pela última vez:

  • Do computador de Cristiano, "O ultimo desligamento completo do notebook foi realizado em 11/12/2007 às 16h25min."
  • Do computador da Bárbara, "Foi detectado como data da última utilização do computador, reportado pelo sistema (seu desligamento), o dia 11 de dezembro de 2007 às 15h13min ";
  • De um outro, aparentemente o antigo de Cristiano, o mesmo laudo que o da Barbara acima informa que foi usado em 11 de dezembro de 2007 às 15h24min

Na tarde de 11 de dezembro, os quatro e seus pertences estavam no poder da polícia, no Palácio da Polícia em Porto Alegre. Os micros, então, foram ligados e examinados pela policia. Que já deveriam ter constado o que os laudos comprovaram posteriormente: não tinha pornografia infantil nos computadores.

O laudo do micro de Fritz Louderback, assinado em 29/12/2007 - o sábado do fim de semana de Revillion - não inclua a data do último desligamento. Mas inclua o que os peritos encontraram: fotos de menores, com latas de cerveja!

Não há em nenhum lugar dos quase 5.000 páginas do processo um laudo sobre o conteúdo do micro de Dr. André. Mas foram incluídas no inquérito e no relatório escrito pelo delegado em janeiro de 2007, duas fotos do Moleque que Mente® (completamente vestido, vale dizer) que Dr. André afirma existiam somente no disco do micro dele. O micro dele foi examinado pela polícia, então, com o mesmo resultado negativo que os outros computadores

Jovens negaram abuso

As supostas vítimas de Morro da Pedra negaram abuso. Delegado Juliano arranjou a falsa psiquiatra Dra. Heloisa Fischer Meyer para entortar as declarações dos jovens em entrevistas em 12/12/2007, e psiquitras verdadeiros foram alimentados com informações falsas, para sustentar que houve indícios de abuso.

Exames de corpo de delito foram negativos

Vou repetir o que já publicamos aqui sobre os exames médicos das supostas vítimas:

As prisões acontecerem no dia 11/12/2007. Exames de corpo de delito foram feitos no dia 17/12/2007 em Porto Alegre; dia 18/12/2007 em Taquara; e em 06/03/2008, em Taquara.

Doze laudos negativos, indicando que não houve sinais de abuso, demoraram oito (8) meses para aparecer no processo. Enquanto quatro pessoas estavam presos.

Dois outros laudos feito nas mesmas condições, um preliminar positivo (posteriormente desmentido por médico particular) e um negativo da única "vitima" que se diz abusada, O Moleque que Mente®, não demoram nem oito horas para entrar no inquérito.

Enquanto os exames negativos demoraram oito meses para chegar ao conhecimento da Justiça e da defesa, a polícia já sabia o conteúdo - tanto que mandava de imediato os que de maneira frágil apoiavam a denúncia, e segurava os que a desmentiam.

Uma semana depois das prisões, de mãos abanadas

O que era a situação do delegado Juliano Brasil Ferreira e seu equipe, uma semana depois das prisões feitos com "repercussão nacional e internacional"?

  • Não tinha provas nos computadores, que já tinham olhado no dia das prisões.
  • As vítimas negaram os abusos, e tinham idade para sustentar isso em juízo (os mais jovens faltando somente semanas para seus 13 anos), apesar da "confissões" "psicografadas" pela falsa psiquiatra Heloisa Fischer Meyer.
  • Os exames médicos sustentaram a negativa das supostas vítimas

Nas palavras do réu Marino, pai de uma das supostas vítimas, a polícia "estava de mãos abanadas."

Simplesmente não tinha nenhuma vítima crível que afirmou que foi abusada, e as provas técnicas foram fortemente favoráveis à defesa.

O que poderiam fazer?

O que a polícia poderia fazer? Poderia atrasar tanto possível os laudos que sustentaram a inocência dos acusados, e isso foi feito. Poderiam afirmar que os micros estava criptografadas, e o delegado Jullano Brasil Ferreira mentiu sobre isso, como já comprovamos aqui.

E, na noite de 18/12/2007, o equipe de Juliano Brasil Ferreira mantive Isáias Moreira e três dos seus filhos, dois destes menores, dentro da delegacia de Taquara por sete hora, até que conforme afirmaram as vítimas, sob fortes ameaças e coação física, assinaram "confissões" de abuso que retraiam no dia seguinte.
Conseguiram, então, uma "vitima de abuso sexual".

Mas ainda faltavam provas. E o delegado e seu equipe tinham anunciado para os quatro ventos não uma vitima de abuso sexual, mas o maior quadrilha de pornografia infantil do Rio Grande do Sul.

Tinham ligado e olhado os micros, tinham os CDs lá, mais fáceis ainda de examinar. E não tinham encontrado pornografia infantil nenhuma.

O que poderiam fazer, então?

Adiando mais uma vez

Voltamos no tempo, e reconstruamos o ambiente no DEIC-DHPD. Mas, falta tempo hoje para rever os papeis, para ver de onde vieram os CDs que estão no Cartório da 2ª Vara de Taquara.

Sei que estou sendo pouco gentil com meus leitores. Sempre detesto quando um autor gasta tempo construindo uma quebra-cabeça sem solução aparente: se todos os CDs apreendidos estão na Distribuição, de onde vem os que estão no Cartório? Sei que como leitor eu fico acordando tentando descobrir a resposta.

Peço desculpas, então, mas fica para amanhã.

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