segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Falso médico é outra coisa no Rio de Janeiro

 

Este postagem tem aparecido entre os mais lidos do blog recentemente. Acho necessário dizer, então, que enquanto eu afirmo e assino embaixo de todas as detalhes aqui expostas do conduto altamente reprovável da falsa psiquiatra Dra. Heloisa Fischer Meyer, eu não investiguei o caso da Dra. Sarita Fernandes Pereira. Li o que estava na imprensa, e a imprensa nestes casos tem sempre uma dupla padrão: o que condena (tão duvidoso que seja) vai pro ar ou pro papel; o que inocente (tão confiável e documentado que for) vai pra lata de lixo.

É bem possível, então, que a Dra. Sarita seja inocente, mais uma vítima da dupla polícia/imprensa, juntando a fome de aparecer com a vontade de acusar.

Richard Pedicini
27/09/2011

 

Pois psiquiatra não é

A falsa psiquiatra Dra. Heloisa Fischer Meyer tem recebido destaque aqui, pois seu papel foi de destaque no caso Colina do Sol: quando tinha uma falta total de evidência e vítimas, seus pareceres fajutos serviam para que delegado Juliano Brasil Ferreira tivesse alguma "prova" de mostrar para a Justiça é ainda mais, para a imprensa, este tribunal que aceita sem ressalvas qualquer acusação, poupando seu senso crítico para examinar o que a defesa apresenta.

Estes dias no Rio de Janeiro uma criança de cinco anos morreu depois de ser atendido por alguém que atuou como médico ainda que não tinha completado o curso de medicina.

Na matéria de O Estado de S. Paulo abaixo, podermos ver que a situação é igual, mas a resposta diferente, no caso do falso médico no Rio de Janeiro, e o caso da falsa psiquiatra no Rio Grande do Sul:

  • O estudante no Rio estava ainda cursando uma faculdade de medicina, mas pelo menos era um faculdade credenciada. Dra. Heloisa Meyer recebeu um certidão de uma instituição não-credenciada um mês depois de ter assinado laudos como se fosse psiquiatra no caso Colina do Sol; recebeu antes certidão de outra instituição não-credenciada na época;
  • O aluno no Rio "agiu com documentos falsos" e pode levar até 30 anos de cadeia; já publicamos um papel encabeçado "Parecer Técnico Psiquiátro" assinado por Dra. Fischer Meyer - que é tem tanto validade como parecer quanto este postagem que escrevo agora;
  • O aluno do Rio tinha um carimbo falsificado, e Dra. Heloisa Fischer Meyer falsificou um também conforme se veja acima;
  • Conforme o delegado no Rio de Janeiro, foi a diretora do hospital que contratou o falso médico, e portanto é o responsável. O mesmo papel no caso Colina do Sol foi desempenhado pelo delegado Dr. Juliano Brasil Ferreira;
  • A diretora do hospital no Rio foi demitida, indiciada, e teve sua prisão decretada pela Justiça, mas delegado Juliano continua onerando a folha de pagamentos da polícia gaúcha, e continua fazendo suas "operações" mediáticas, que a imprensa continua engolindo apesar dos absurdos óbvios.

Quando prender o delegado?

Uma pergunta que recebi de um leitor - que é ou pelo menos se passa por delegado Bolívar Reis Llantado - foi porque eu aqui defendo a prisão de delegados de polícia.

Continuo devendo uma resposta geral. Mas neste caso específico, a diretora do hospital no Rio de Janeiro contratou uma suposta especialista não-qualificada, e houve dano por isso, e há mandado de prisão contra ela. Juliano Brasil Ferreira fez a mesma coisa, com o agravante de que enquanto a diretora do hospital não queria o morte da paciente, Juliano precisava, e muito, um papel fajuto que seja que justificaria os prisões que ele já tinha efetuado.

A médica agiu com culpa (ainda que com dolo eventual pois sabia que ter desqualificado agindo com médico poderia dar nisso), sustendo que Juliano Brasil Ferreira agiu com dolo, mesmo. O delegado não merece o mesmo tratamento que a médica - merece tratamento mais severo.

Médica é presa após morte de menina no Rio

Falso pediatra que atendeu Joanna também teve a prisão decretada; garota morreu na sexta-feira
15 de agosto de 2010 | 0h 00
Bruno Boghossian - O Estado de S.Paulo

A polícia do Rio prendeu ontem uma médica suspeita de ter contratado o falso pediatra que atendeu e liberou uma menina que sofria convulsões e pode ter sido vítima de maus-tratos. Joanna Cardoso Marcenal Marins, de 5 anos, morreu sexta-feira, após 26 dias de internação, em coma, em outra clínica da cidade.

Sarita Fernandes Pereira era coordenadora de Pediatria do Hospital RioMar, na zona oeste do Rio, onde a menina foi atendida pelo estudante de medicina Alex Sandro da Cunha Silva, de 33 anos. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, ela foi demitida. A polícia procura o falso médico, que teve a prisão temporária decretada pela Justiça e é considerado foragido.

O advogado de Alex, Claudio Tavares, informou que seu cliente tem colaborado com as investigações e está em viagem, não foragido. Segundo ele, o estudante deve se apresentar à Polícia assim que receber a notificação.

A polícia disse que o estudante atuava com documentos falsos e receitou um medicamento que pode causar dependência. Sarita e Silva foram indiciados por tráfico de drogas, falsidade ideológica e material, e exercício irregular de medicina. As penas podem chegar a 30 anos de prisão.

"Segundo o depoimento do falso médico, ela (Sarita) é a responsável pelo fato: ela o contratou, entregou o carimbo com o registro falsificado e coordenava o esquema", disse o delegado Luís Henrique Marques Pereira. A médica nega. "Acredito na Justiça. Sei que tudo vai acabar bem."

[Texto continua no link]

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