terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Na miséria?

A promotora Natália Cagliari centrou sua denúncia no caso Colina do Sol na tese de que Fritz Louderback, "utilizando com artifício a entrega de presentes diversos, consistentes em valores, alimentos e bens materiais" comprou os filhos de Morro da Pedra, cujos pais, "uma vez que chegou a receber valores e alimentos em troca da exploração sexual do filho", os vendiam.

A teoria da promotora está fundamentada na "miserabilidade em que vivia a vítima", de que as famílias de Morro da Pedra moram na pobreza absoluta, e que a pobreza material está necessariamente acompanhada pela pobreza moral.

A teoria da promotora, não é sustentada pelos fatos. Perguntei para as vítimas e suas famílias, se moram na miséria. Negam. Uns riram da minha cara.

Nós vamos ver hoje que realmente, o povo de Morro da Pedra não estava dependente em Fritz Louderback para suas despesas de dia-a-dia; que não consideram que vivem na miserabilidade; que quem teve grande dependência financeira no Fritz era a corja da Colina do Sol.

Veremos também o motivo real da promotora em fazer estes alegações: os filhos negavam o abuso, e os pais, acreditando nos seus filhos, se recusavam de acusar um homem que sabiam inocente. Acusando os pais de prostituir seus filhos, a promotora poderia fazer a acusação por conta própria, baseado nas afirmações da psiquiatra fajuta Dra. Heloisa Fischer Meyer, dos CDs entregues à Justiça pela polícia que excederam em bastante o número apreendido, e outras "evidências" de valor duvidoso.

A miséria

Faz quatro anos que estou seguindo este caso, e vi várias mudanças no Morro da Pedra neste tempo. Comentei isso em novembro, depois da visita mais recente.

Isaías reformou a casa enquanto Fritz Louderback estava preso, desmontando a antiga e construindo uma nova, melhor, no mesmo terreno. Claro que não contou com ajuda do americano. Jantei com sua família uma vez, churrasco, e numa outra visita, estava com dois porcos para engordar.

Marino faz uma festança todo ano para seu aniversário. Matou um boi e uma ovelha quando eu lá estava em 2009, naquela fim de semana. Em novembro passado, notei que ele tinha adicionado um alpendre a sua casa.

Da mesma maneira o boi que matou para a festa foi criado no seu próprio campo, a pedra do alpendre (e da casa e do estábulo) veio da sua própria pedreira.

Marino planta mandioca, e na última visita me mostrou o feijão novo, plantado em terras arrendadas da família do finado Deroci Farias de Vargas. Arrenda também as terras ao lado dos Schirmer. E tem a escritura da terra onde fica sua casa.

Eu já falei com brasileiro de interior que lamentava a chegada "desta coisa de cruzeiro", gente que cresceu numa economia de autossuficiência e pequenas trocas de bens, sem uso de dinheiro. A vida no campo, que permite a criação de mandioca, de porcos, de bodes, não pode ser equivalido a uma vida na cidade com renda igual em dinheiro.

A diferença que Fritz fazia

O ONG de Fritz, New Faces, fornecia aulas de reforço, de inglês, e fornecia pequenas ajudas, como tênis e matéria escolar no começo do ano. Também, pelo médico Dr. Everton em Novo Hamburgo, conseguiu tratamento médico para o povo de Morro da Pedra.

Fritz tinha conexões americanos para tratamento mais especializado. Já falamos do tratamento da menina Laura, conseguido através da Shriners Hospital, com hospedagem e doações de nudistas, a propaganda na Boletim do AANR apontada pelo FBI como a "imagem mais notável" que encontraram nos discos rígidos externos.

A doença de Sirineu poderia ter sido identificada mais cedo, e tratado com sucesso, caso o trabalho de Fritz tivesse continuado como estava, antes das falsas acusações de pedofilia? Nunca saberemos. Há gente rica que morre de câncer: certas coisas nem todo o dinheiro do mundo compra. A esposa da própria Dr. Everton morreu de uma câncer que poderia ter sido identificado em tempo para o tratamento, mas os médicos brasileiros não identificaram.

Esperança

A diferença maior que Fritz fez, poderia ter sido a esperança. Mostrou para as crianças de Morro da Pedra um mundo maior que Morro da Pedra, e deu a elas a esperança de que fazia parte dele. Incentivava elas para que continuassem na escola.

O professor Paulo, que organizava as aulas de reforço, disse que foi interpelado, "Porque dar aulas para estes meninos? Vão todos acabar na pedreira, mesmo." E, sim, quase todos estão nas pedreiras. Uns não tiverem mesmo interesse nas aulas. Mas outros, quem sabe se o trabalho de ONG tivesse continuado, teriam um futuro maior?

A família de Cleiton e Charles

Cleiton e Charles receberam as pequenas ajudas que muitas crianças de Morro da Pedra receberem de Fritz Louderback, "...entrega de presentes diversos, consistentes em valores, alimentos e bens materiais – tais como: aparelhos de telefone celular, roupas, calçados, bicicletas..." nas palavras da promotora na denúncia.

Um dos policias - não notei o nome, mas teria sido Sylvio Edmundo ou Marcos - afirmou nas fls 1430-1431 de que:

"Certifico que, nesta data, estive na residência da Sra. Ereni da Rosa, localizada na Estrada da Grota, na Vila dos Picolés, onde verifiquei que no local existem várias casinhas de madeira onde residem pessoas muito carentes, entre elas a Sra. Ereni".

Enquanto a polícia juntou fotos da casa de Sirineu - que de fora parece precisando muito de reforma, ainda que por dentro, é tudo limpo - não juntou fotos da casa de Ereni. Para meus olhos, o que mais se destaca na Vila Picolé é a verdura do gramado. A casa me pareceu bem construída, muito mais do que as cabanas da Colina do Sol, e nestes quatro anos que sigo o caso, o pai deles a aumentou duas vezes. Ele mesmo fez o trabalho, e em harmonia com o que já tinha erguido, não deixando ares de "puxadinha". E isso sem a ajuda de Fritz, que estava na cadeia, ou com suas finanças comprometidas com as despesas do processo.

"Pessoas muito carentes?" De uma das casas, restava somente os alicerces. Era da família de Gilberto, que aguardava mais de uma década quase R$200 mil reais devido pela empresa Naturis ou seus donos, Celso Rossi, Paula Fernanda Andreazza, e o Clube Naturista Colina do Sol. A casa já foi reconstruída, neste último ano.

O truque jurídica

Já comentamos que algo que chama atenção na denúncia é a folha que fala "DAS REPRESENTAÇÕES NOS CASOS DE DELITOS SEXUAIS". A promotora acho necessário explicar porque prosseguiu com estas acusações, sendo que além dos acusados, as próprias "vitimas" e seus pais, negaram que tivesse acontecido qualquer crime.

No caso de JLO, a explicação é:

Para JLO, aplica-se o art. 225, §1°, inciso II, do CP, tendo em vista que os delitos foram praticados com abuso do poder familiar, já que o pai Marino José de Oliveira foi conivente com os crimes, obtendo vantagem econômica dos fatos, sendo também denunciado em razão disso.

O raciocínio velado é que "a miséria absoluta corrompe absolutamente", que pobre faz qualquer coisa, até prostituir seus filhos, para pequenas quantias.

Mas a promotora e delegado acreditam nisso, ou é somente um pretexto?

Vimos que Ereni assinou a representação (enganada sobre o que se tratava), e seu marido não foi denunciado. Quando um filho de Isaías "confessou" ser vítima, depois de 7 horas na delegacia, delegado Juliano expressou para a imprensa a opinião de que Isaías também era vítima. Depois que Isaías e seus filhos relataram a Corregedora a agressão física e moral que sofreram, indiciou Isaías.

E nenhuma mãe foi denunciada.

Os fatos sustentam melhor a tese de que a denúncia foi motivada não pela "conivência", mas pela resistência aos desejos da promotora. Não porque foram coniventes com o abuso dos seus filhos, mas porque recusaram ser coniventes com acusações falsas.

Favores maiores para CNCS

Em valores, os empréstimos de Fritz Louderback para os sócios da Colina do Sol, foram muito mais relevantes do que os pequenos presentes para as famílias de Morro da Pedra. O único destes presentes do que recordo o valor, é uma bomba de poço dado para Isaías, no valor de uns R$300. O custo dos divisórios da casa de Marino - que era para adequar a sala, numa sala de aula, e do estábulo, que ia abranger cavalhos para uma programa de tradicionalismo gaúcho - nunca vi valor.

Mas o que era emprestado para Eta, e para Bete e Raul, era respectivamente em volta de R$ 14.000,00 e $15.500,00. Tuca também recebeu empréstimo, que Fritz chegou a protestar.

O advogado de Fritz perguntou no Fórum o que a promotora não cogitou na sua denúncia: Dado os valores expressivos que Fritz deu para estes sócios da Colina do Sol, eles emprestarem seus filhos para Fritz para favores sexuais? Responderem que não.

80% das acusações de abuso sexual infantil são falsas, conforma a delegada de NUCRIA em Paraná, que explica:

 
"Muitas das denúncias falsas são apenas para prejudicar outras pessoas. E quanto mais grave ela é, maior é a chance de ser infundada."
 

A promotora usou dois pesos e duas medidas: as famílias de Morro da Pedra recebiam pequenos favores, e por isso vendariam seus filhos; a corja da Colina do Sol deviam somas altas, mas sua palavra era totalmente confiável.

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