terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ações espetaculosas e reações hipócritas

"Cenas preparadas e programadas, com ações espetaculosas acompanhadas por dezenas de repórteres e câmeras de TV têm que ter um basta" -- Yeda Crusius, governadora de Rio Grande do Sul.

Agora que é a vez dela, a governadora se incomoda.

Juliano Ferreira, da polícia de Yeda:
ações mais espetaculosas que investigativas
Onde estava o moral, onde estava a preocupação de que a punição acontece depois da devida processo legal, e não numa fogueira pública instantânea, nos holofotes de televisão, durante o caso Colina do Sol, ou durante as 13 meses de prisão dos acusados, que os quatro acusados amargaram presos, baseado nas mentiras da polícia gaúcha, nas evidências plantadas pelo equipe do delegado Juliano Brasil Ferreira, nas acusações extraídas de crianças sob a tortura de terror, e nos laudos fajutos de uma psiquiatra farsante, convocado por este mesmo delegado.

As leis são iguais para todos - rico ou pobre, poderoso ou humilde - ou o governo não é um governo de leis, mas uma maneira de facilitar a manda dos mais fortes.

É comum que os poderosos se incomodam, quando de repente se encontram no outro lado do abuso de poder.

Mas a governadora tem a polícia sobre seu controle direto. Durante toda sua administração, tinha plenas poderes para dár uma basta na sua polícia quando houve "Cenas preparadas e programadas, com ações espetaculosas acompanhadas por dezenas de repórteres e câmeras de TV".

Agora que o Ministério Pùblico, que é independente, faz a mesma coisa com sua excelência a governadora, ela ache que "tem que ter uma basta?"

Acho uma falta de sinceridade. Quando Dna. Yeda demite e processa Juliano Brasil Ferreira e seu equipe, ela terá moral para reclamar de excessos. Mas se o Ministério Publico somente está fazendo com ela o que a polícia dela faz com os outros, ela não tem de que chiar.


Noto que um camionete da Casa Militar da governadora foi usado pelo chefe de gabinete da Ouvidoria de Segurança Pública de RS para visitar a Colina do Sol, para verificar a situação relatado por Silvio Levy, Cristiano Fedrigo e eu, inclusive no relatório para o Ouvidor Nacional de Diretos Humanos.

O então Ouvidor, Dr. Adão Paiani, conta na Carta Capital desta semana sobre o espionagem gaúcho.

Silvio e eu fomos processados (e inocentados) por nosso oposição ao processo infundado contra o quatro da Colina; Cristiano e eu tivemos nossos telefones grampeados. Os grampos foram usados para interferir com nosso tentativa de levar a verdade ao CPI do Senado - a promotora Natália Cagliara mandou os documentos forjados da polícia gaúcha para Brasília - e para reprimir a manifestação pública em frente ao Fórum de Taquara, durante qual fui preso.

Tudo no melhor estilo DOPS da ditadura militar.

Tudo isso não é culpa do governo de Yeda Crusius: Dra. Natália Cagliara faz parte (por enquanto, até que o caso Colina do Sol termina e as devidas processos disciplinares começam) do mesmo Ministério Público do que a governadora agora está reclamando. Mas parte é a polícia dela, e mais ainda é que ela foi conivente com os julgamentos imediatas, ou melhor dizer as condenações imediatas, da midia.

 

13/09/2010 - 21h07 - da Folha de S. Paulo

Ministério Público apura se carros de Yeda foram usados em busca de propina

GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE

A investigação sobre um esquema clandestino de espionagem supostamente operado por assessores da governadora Yeda Crusius (PSDB-RS) voltou a elevar a temperatura política após o Ministério Público realizar, hoje, uma operação de busca nos carros usados pela segurança da tucana.

A Promotoria investiga se o sargento César Rodrigues de Carvalho, lotado na Casa Militar e pivô do escândalo de espionagem, utilizou veículos da segurança de Yeda para recolher propina de contraventores na região metropolitana de Porto Alegre.

A busca comandada pelo promotor Amílcar Macedo, autorizada pela Justiça, gerou uma reação forte da governadora, que acusou a Promotoria de realizar "ações espetaculosas".

No site de microblog Twitter, a tucana anunciou que vai ingressar ações contra agentes do Ministério Público gaúcho ou do Tribunal de Justiça que promoverem abusos.

"Cenas preparadas e programadas, com ações espetaculosas acompanhadas por dezenas de repórteres e câmeras de TV têm que ter um basta", escreveu Yeda.

Mais no site da Folha de S. Paulo

 

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